Histórias dos Violões na Velha São Paulo, ep.1

Sejam muito bem-vindos!

Foto: Augusto Militão – Academia de Direito do Largo de São Francisco em 1862.

Neste primeiro episódio, vamos tratar da obra Lágrimas de Saudades! , uma valsa de Venâncio José Gomes da Costa Junior, dedicada aos Acadêmicos de São Paulo.

Na cidade de  São Paulo, o circuito de partituras para o violão teve início somente na década de 1930. Parte dessa produção chegou até os dias atuais via manuscritos, ou em versões para piano, caso da peça Lágrimas de Saudades!, de Venâncio José Gomes da Costa Junior ou Venancinho Costa, como era conhecido. Ele entrou para a Academia de Direito em 1862, sendo contemporâneo e parceiro do poeta Fagundes Varela. Venâncio era compositor, hábil violonista e dividiu com o poeta Varela noitadas, boemia e a autoria de modinhas e serenatas, entre as quais Noite Saudosa.



Este trecho, retirado de um artigo de autoria anônima (1919), aponta para o cultivo do violão na São Paulo oitocentista, ainda no período imperial. Uma tradição que teria sido herdada, mesmo com certas ressalvas, segundo o autor, pelo célebre violonista paulistano, Américo Jacomino. De acordo com o magistrado Afonso José de Carvalho, abundavam violões e violonistas àquela altura na província de São Paulo. Na conferência “São Paulo Antigo”, proferida no Clube Piratininga (1936), ao falar da febre das modinhas que invadiu o país no fim do século XIX, disparou:



[1] Correio Paulistano, São Paulo, ano LVII, n. 20092, 12 jun. 1919, p. 3.

[2] A conferência foi publicada na revista do IHGSP: CARVALHO. Afonso José de. São Paulo Antigo (1882 -1886). São Paulo: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Nacional, v. XLI, p. 47-64, 1942.

Os indícios de uma atividade violonística e de uma rede de sociabilidades ligadas ao instrumento em São Paulo aparecem com o estabelecimento do curso de direito em 1828. Com ele, a cidade recebeu estudantes de diversas localidades do país que trouxeram instrumentos musicais, promoveram saraus e serestas, encenaram peças teatrais e fundaram jornais, fundamentais para o rastreamento das atividades do passado. O curso do Direito do Largo do São Francisco, portanto, transformou a vida cultural da pequena e isolada cidade de menos de 20.000 habitantes e foi determinante para o desenvolvimento musical  e para o cultivo do violão na cidade.

Ouça o álbum completo

Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando
Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.

Músicas incidentais: Rapaziada do Brás, Alberto Marino. Violão, Flavia Prando; Violão 7 cordas, Lamartine Jr.

Noite Saudosa, Venâncio José Gomes da Costa Jr e Fagundes Varela. Viola de arame, Gisela Nogueira; violão romântico, Giacomo Bartoloni, canto Sandro Bodilon (Em São Paulo: Paisagens Sonoras (1830-1880) | Anna Maria Kieffer, Selo Sesc).

FLAVIA PRANDO Escrito por:

Violonista, doutora e mestre em Música pela USP e bacharel em Música UNESP. É Pesquisadora no CPF-SESC e atua como regente da Camerata de Violões Infanto-Juvenil do Projeto Guri Santa Marcelina.

2 Comentários

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