Histórias dos Violões na Velha São Paulo, ep. 2

Sejam muito bem-vindos!

Theotonio Gonçalves Côrrea – Coleção Militao Augusto de Azevedo. Museu do Acervo Paulista da USP

Neste segundo episódio, vamos tratar da obra Recordação Saudosa, uma Mazurca do compositor paulistano Theotonio Gonçalves Côrrea (1846 –1892)

Conforme já abordado no primeiro episódio, o circuito de partituras para o violão em São Paulo teve início somente na década de 1930. Parte dessa produção chegou até os dias atuais via manuscritos, ou em versões para piano. Recordação Saudosa, mazurca de Theotônio Gonçalves Correa é a mais antiga composição de um violonista localizada até o momento na cidade, ela foi impressa pela Casa Levy, cerca de 1885. Embora tenha recebido versão para piano, há notícias de jornal evidenciando que a composição era original para violão e foi encontrada uma versão manuscrita para o instrumento.

Theotônio foi chamado de violonista de mais valia em artigo anônimo abordado no episódio 1 do nosso podcast.. Ele participou da primeira apresentação pública com violão registrada pela imprensa da cidade (1878). Foi um evento na Escola Americana promovido em benefício das vítimas da seca no Nordeste e Theotonio se apresentou em duo com Manoel Maximiano de Toledo. É provável que ele tenha sido ainda o primeiro violonista a publicar músicas em São Paulo. São de autoria dele ao menos mais duas peças além da Recordação Saudosa, todas publicadas ainda no período imperial. No ano de 1882, o Correio Paulistano anunciou a edição de um tango paulista de sua autoria, Pery, partitura até o momento não localizada.



Na partitura de Recordação Saudosa, existe a seguinte nota: “do mesmo autor de Pery, Tango, e Dodonquinha, Polka”, esta última, a terceira obra de Theotonio que se tem conhecimento, também extraviada.

Extrato da partitura em versão para piano, edição Casa Levy

Recordação Saudosa traz a indicação de mazurca sentimental, mas bem que poderia chamar-se mazurca caipira. Destaca-se particularmente a terceira parte, que apresenta sequências de terças e portamentos característicos da música caipira, evocando a viola e o ambiente rural da pequena cidade nos tempos do Império. Theotonio Gonçalves Côrrea teve um filho, Theotonio Côrrea, o Theotoninho, também músico, compositor e violonista que atuou na radiofonia e fonografia na cidade. Falaremos mais sobre Theotoninho no episódio 11.


[1] A Província de São Paulo, Ano VIII, nº 2310, 02 dez. 1882, p. 1.

Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Músicas incidentais: Rapaziada do Brás, Alberto Marino. Violão, Flavia Prando; Violão 7 cordas, Lamartine Jr.
Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando

FLAVIA PRANDO Escrito por:

Violonista, doutora e mestre em Música pela USP e bacharel em Música UNESP. É Pesquisadora no CPF-SESC e atua como regente da Camerata de Violões Infanto-Juvenil do Projeto Guri Santa Marcelina.

2 Comentários

  1. fevereiro 12, 2024
    Responder

    Fantastic site. A lot of helpful info here. I’m sending it to some buddies ans additionally sharing in delicious. And naturally, thanks on your sweat!

    • fevereiro 13, 2024
      Responder

      Thank you, Alma! Very happy that you like it! Thanks for sharing.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *